quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sonhos


"Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos."

"Ni estas faritaj el la sama materialo por la sonĝoj."

"Estamos hechos de la misma materia de los sueños."

“We´re made of the same dream´s matter.”


Shakespeare

sábado, 18 de dezembro de 2010

Era uma vez...



Era uma vez uma minhoca chamada Fifi. Ela era uma minhoca muito triste, e vivia dizendo para si mesma, enquanto cavava seus túneis e digeria restos de plantas e insetos:

"Sou um ser rastejante
muito pior que
as cobras
vivo uma vida humilhante
me alimentando das sob
ras
queria ser fa
scinante
mas faço péssimas obras..."

Vivia repetindo essa frase de modo incessante, enquanto trabalhava. As outras minhocas, suas amigas e irmãs, viviam tentando convencê-la a ver as coisas de modo diferente, mas ela era muito teimosa para as ouvir. Dizia tanto essa frase que as outras minhocas começaram a ficar tristes também e a repetir a mesma frase que ela sempre dizia. Com o tempo todas as minhocas do planeta foram contaminadas pela idéia da minhoca Fifi, e todas elas diziam em coro:

"Sou um ser rastejante
muito pior que as cobras
vivo uma vida humilhante
me alimentando das sobras
queria ser fascinante
mas faço péssimas obras..."

Todas as minhocas do planeta foram diminuindo o ritmo de trabalho, até que um dia pararam de tanta tristeza que sentiam. Os primeiros seres a sentir a mudança foram as plantas, que já não tinham suas raízes nutridas e oxigenadas pelos túneis das minhocas. Todas plantas conversavam entre si, atravéz da ligação que possuíam entre todas as raízes, e decidiram nomear uma planta para conversar com as minhocas. Foi escolhida a dona Parreira para falar com a Fifi:

- O que aconteceu Fifi ?

- Nós somos feias e inúteis ! Quem dera ser como as plantas, que produzem flores e frutos !

- Mas se vocês, as minhocas, não nos nutrirem com o adubo que só vocês produzem, como iremos sobreviver amigas ?

- Nos deixe em paz, pois somos os piores seres da criação !


E voltavam a pronunciar incessantemente os mesmos tristes versos... e as plantas começaram a perecer. Então os insetos começaram a notar que as plantas estavam murchando e perguntaram a elas o que estava acontecendo. Elas explicaram tudo aos insetos, que elegeram a libélula para tentar um diálogo com a Fifi:

- Salve Fifi ! O que acontece ?

- Nós somos feias e inúteis ! Quem dera ser como os insetos, que produzem mel e seda !

- Mas se vocês, as minhocas, não nutrirem com o adubo as plantas, como elas irão produzir néctar, frutos e sementes para a nossa sobrevivência ?

- Nos deixe em paz, pois somos os piores seres da criação !


E voltavam a pronunciar ininterruptamente os mesmos versos... e os insetos começaram a enfraquecer. Então as aves começaram a notar que os insetos estavam sumindo. Elas perguntaram para eles o que estava acontecendo. Eles explicaram tudo às aves, que elegeram o Beija-flôr para tentar um diálogo com Fifi:

- Olá Fifi ! O que há com vocês, as minhocas ?

- Nós somos feias e inúteis ! Quem dera ser como os pássaros, que são os seres mais úteis e belos da Terra !

- Mas se vocês, as minhocas, não nutrirem com adubo as plantas, como elas irão produzir néctar, frutos e sementes para a sobrevivência dos insetos que, então, irão nos alimentar ?

- Nos deixe em paz, pois somos os piores seres da criação !


E voltavam a pronunciar os mesmos tristes versos... e os pássaros começaram a enfraquecer. Os animais notaram que as aves estavam sumindo. Eles perguntaram para o Beija-flôr o que estava acontecendo e ele explicou tudo. Então os animais elegeram o Leão para falar com a representante das minhocas, a Fifi:

- O que acontece honorável Fifi ?

- Nós somos feias e inúteis ! Quem dera ser como os animais, que são os seres mais ágeis e lindos da Terra !

- Mas se vocês, as minhocas, não nutrirem com adubo as plantas, como elas irão produzir néctar, frutos e sementes para os insetos, que servirão de alimento para as aves, que alimentarão os animais ?

- Nos deixe em paz, pois somos os piores seres da criação !


O Leão ficou extremamente preocupado. Ele notou que tudo em volta estava morrendo em decorrência da falta do trabalho das minhocas. Então ele disse, de forma objetiva:

- Nobre Fifi, sou obrigado a discordar de você ! Será que não percebe a importância do trabalho das minhocas ? Tudo em volta está perecendo por falta do seu trabalho de fertilização e oxigenação do solo ! Eu me ajoelho diante de você e lhe peço humildemente que retorne ao seu trabalho Fifi ! Toda a vida na Terra acabará sem o trabalho importantíssimo que vocês fazem ! Nós não podemos nem sabemos fazer o que vocês fazem ! Por favor, nos ajude Fifi !

Ao ver o Leão, rei de todos os animais, ajoelhado e com lágrimas nos olhos, algo se remexeu no interior de Fifi. Era como se ela começasse a voltar a realidade:

- Meu Deus, a que ponto chegamos ! O Leão está de joelhos diante de mim, uma simples minhoca ! Nunca havia percebido que nosso trabalho era tão essencial para a vida !

Então ela mudou o discurso... mas não foi fácil nem rápido convencer suas amigas e irmãs:

"Sou um ser radiante
muito melhor que as águias
vivo uma vida brilhante
me alimentando das folhas
sou e serei fascinante
e faço ótimas obras..."

Logo tudo voltou a ficar lindo e colorido... mas uma coisa nunca mais foi como antes... agora as minhocas SEMPRE trabalhavam contentes...



Texto e desenhos:
Cláudio Tadeu Cavallote
=)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Matemática e Poesia


"Math and poetry has the same roots."

"Matematiko kaj poezio havas la samajn radikojn."

"A matemática e a poesia tem as mesmas raízes."

"Las matematicas y la poesía tiene las mismas raíces."


(M.C. ESCHER)

domingo, 28 de novembro de 2010

Semente de Mostarda

Sábado. Estava sozinho em casa. Estava triste. Meu filho havia saído com a namorada e meus pais tinham ido dançar. No fundo, bem lá no fundo, eu sabia porque estava me sentindo assim. Fiquei assistindo televisão até as 23 horas pois meus pais poderiam me ligar para que eu os fosse buscar no baile. Não ligaram e eu fui dormir pois iria trabalhar no domingo. Fechei a porta da sala e fui para meu quarto. Olhei para o céu e fiquei estático... atrás das nuvens, que se moviam rapidamente, lindas e multicoloridas estrelas iluminavam o firmamento. Lembrei de um documentário que vi que falava dos choques de galáxias, planetas e estrelas. A via láctea se move na direção da galáxia de Andrômeda e as duas irão colidir num futuro muito distante. Nessa noite quente, fiquei olhando para o céu e tentava imaginar esse choque. Pode se dizer que alguma coisa tem fim no nosso universo ? No centro de cada galáxia existe um buraco negro e quando duas galáxias colidem, esses buracos negros se fundem e se tornam "super-buracos-negros". Pode-se dizer que esse evento marca o fim de duas galáxias mas, também, pode-se afirmar que é o início de uma nova e colossal galáxia... tive ímpetos de subir na lage do meu quarto, deitar ao lado da parabólica e ficar olhando o céu por tempo indeterminado mas lembrei que acordaria cedo no domingo. Fui deitar e, no escuro, enquanto ouvia o apito distante de um trem de carga, lembrei de uma estória que li, há muito tempo:

"Uma jovem mulher, tendo perdido seu primeiro filho, estava tão desolada e aflita que perambulava pelas ruas, implorando algum remédio mágico que pudesse restituir a vida do menino. Alguns se afastavam com piedade; outros riam e a consideravam louca; ninguém tinha palavras para consolá-la. Até que um velho sábio, notando seu desespero disse:

- O remédio existe. Fale com o Ser Perfeito que reside no alto da montanha. Vai até ele pedir.

A jovem mulher subiu a montanha e, de pé, diante do Ser Perfeito, suplicou:

- Ó Buda, devolvei a vida de meu filho.

E o Buda disse:


- Volta para cidade, vai de casa em casa e traze-me um grão de mostarda de uma casa onde ninguém tenha jamais morrido.

O coração da mulher estava cheio de esperança quando ela desceu a montanha às pressas e correu para a cidade. Na primeira casa em que bateu, disse:

- O Buda me mandou conseguir um grão de mostarda de uma casa que nunca tenha conhecido a morte.

- Nesta casa muitos já morreram - disseram-lhe.

Assim ela seguiu para a próxima casa e perguntou de novo.

- Impossível contar o número dos que já morreram aqui, foi a resposta.

Ela foi à terceira casa, e à quarta, e à quinta, e mais e mais, através da cidade e não pode encontrar uma só casa que a morte já não tivesse visitado. Assim, a jovem mulher voltou ao topo da montanha.

- Trouxeste o grão da mostarda ? - Perguntou Buda.

- Não - disse ela - nem procurei mais. A dor e o desespero me tornaram cega; pensava que somente eu tinha sofrido nas mãos da morte.

- Então por que voltaste - insistiu o Ser Perfeito.

- Para pedir-vos que me ensineis a verdade - respondeu a mulher.

E foi isto que Buda disse:

- No mundo do homem e no mundo dos deuses, a Lei é uma só: todas as coisas são passageiras."

Sim... sim... eu sei porque estou triste. Feridas mal curadas deixam cicatrizes inimaginavelmente profundas. Existem fantasmas que ficam circulando nos porões dos porões da nossa mente e, a despeito dos séculos que passam, eles devem ser enfrentados e derrotados pois se fortalecem e crescem com a energia do nosso medo.

Não... Não podia dormir... então abri a janela e aquele céu maravilhoso estava lá, agora sem nuvens. Foi nesse instante que aconteceu... vi uma estrela cadente... depois duas... três... fiquei maravilhado e, inevitavelmente, sorri. Então compreendi que essa é minha natureza... sorrir... ir contra um sorriso é ir contra minha essência. Aí sim o sono veio e fiquei torcendo prá voar até alguma daquelas estrelas distantes...

=)

sábado, 13 de novembro de 2010

Snoopy


"A consciência tranqüila é o melhor travesseiro."

"A good conscience is a soft pillow."

"Una buena consciencia es una buena almohada."

"Konscienco senmakula estas kuseno plej mola."

=)

sábado, 6 de novembro de 2010

Parábola sobre a Parábola

A um rabino erudito e de espírito, perguntaram, uma vez, o motivo pelo qual ele freqüentemente exemplificava uma grande verdade, contando uma estória simples.

- Isso (disse o rabino) pode ser melhor explicado por uma parábola ! Uma parábola sobre uma parábola:

"Houve uma época em que a Verdade andava entre as pessoas sem adornos, tão nua quanto a Verdade. Todas que viam a Verdade voltavam-se, com medo ou envergonhados, porque não a podiam olhar de frente. A Verdade seguia entre os povos da Terra, sem acolhimento, rejeitada, sem que a quisessem. Um dia, sem amigos e sozinha, ela encontrou-se com a Parábola, que seguia com ar alegre, vestida em roupagens boas e muito coloridas.

- Verdade ! Por que você está tão triste, tão abatida ? (perguntou a Parábola, com um sorriso reconfortante).

- Porque eu sou tão velha e tão feia que as pessoas me evitam... (disse a Verdade com amargura).

- Bobagem ! (respondeu a Parábola). Não é esse o motivo pelo qual as pessoas evitam você. Tome emprestadas algumas de minhas roupas e vá ter com as pessoas !

Assim é que a Verdade vestiu algumas das roupas encantadoras da Parábola e agora, por toda parte onde estava, via-se acolhida."

O velho rabino sorriu e explicou:

- Os homens não podem conhecer a Verdade nua... eles a preferem disfarçadas sob as roupagens da Parábola..."

=)

Texto: Entre os Monges do Tibete, Lobsang Rampa, pg. 265
Imagem: Utamaro Kitagawa, 1750-1806

sábado, 16 de outubro de 2010

Eduku la infanojn...


"Eduku la infanojn
kaj ne estos necese puni la homojn."

"Educad a los niños
y no será necesario castigar a los hombres."

"Eduquem as crianças
e não será necessário castigar os homens."

"Educate the children
and it won't be necessary to punish the men."

(Pitágoras)

sábado, 9 de outubro de 2010

Minha Gata Vegetariana

Na Subestação de força, onde trabalhei, na Eletropaulo, apareciam muitos animais. Já vi muitos serem envenenados ou abandonados em bairros distantes, por ordem da nossa chefia. Sempre chegavam novos cachorros e gatos que tinham trágicos destinos. Devido a um esforço de uns poucos interessados no assunto, conseguimos convencer a nossa chefia a manter a nossa cachorrinha preferida, já que havíamos pagado para um veterinário a castrar. Havia, também, uma enorme gata malhada que sempre conseguia escapar de seus perseguidores. Estava em nossos planos castrá-la também, pois ela vivia prenha. Mas... tarde demais... outro cio veio e a danada ficou grávida novamente... Agora todos queriam a matar. Mas, mesmo assim, ela conseguiu driblar seus inimigos e teve seus três filhotes. Eles eram lindíssimos ! Um deles era preto como asa de corvo e tinha um olhar difícil de encarar. Certa tarde, um operador deixou na mesa da cozinha 400 gramas de mortadela, que ele usaria prá fazer os lanches do café da manhã. Quando ele voltou a cozinha, ficou furioso ao notar que um dos gatos havia comido metade das mortadelas. Três dias depois, eu estava trabalhando no porão da Subestação, quando senti um cheiro horrível de coisa em decomposição... logo fui encontrando todos os gatos mortos, por envenenamento. Confesso que chorei quando vi a nossa gata malhada toda suja e vomitada, pois ela estava torcida e virada como se tivesse sofrido muito. Coloquei mãe e filhos em um saco e os enterrei. Ninguém queria fazer isso mas achei que pelo menos na morte eles deveriam ter um pouco de paz. Mas... que estranho... eram três filhotes mas eu não conseguia encontrar o corpo do terceiro, que era uma fêmea. Depois que os enterrei, comecei a ouvir um miado fraco, que vinha de fora. A filhotinha que era preta e branca não havia morrido e chorava em um depósito próximo. A encontrei muito assustada. Na sua frente havia uma latinha com água e uma asa de frango. Pensei que a intenção de quem colocou aqueles alimentos ali foi boa mas a gatinha nem havia desmamado, ela não tinha condições ainda de comer sólidos.

Ela era minúscula... cabia na palma da minha mão. Avisei a turma que eu iria MATAR quem matasse aquela gata pois ela era minha. Comprei um sonífero para que eu pudesse a levar dormindo no "Pássaro Marron" que iria me levar de Guarulhos a Mogi. Na verdade eu estava rezando prá que algum amigo se sensibilizasse e me desse uma carona até Mogi, só aquele dia, mas ninguém estava interessado. Alguém ainda acrescentou que eu estava procurando sarna prá coçar. Dopei a coitada no final do expediente e a coloquei numa caixinha para que eu a pudesse levar prá casa. Ela se adaptou bem no meu apartamento. Quando surgiu uma oportunidade, a levei em uma veterinária. A médica a tratou com um carinho cativante e disse que ela estava desnutrida e com vermes. Passou medicamentos e pediu prá que eu assinasse uma folha. Na folha havia uma parte que dizia assim: Raça: SRD. Na minha santa ingenuidade, eu fiquei pensando que minha gata tinha raça... "que legal, a raça dela é SRD ! E eu que pensava que ela era tomba-lata !

- O que quer dizer SRD doutora ?


- Quer dizer Sem Raça Definida !

Ela cresceu e virou uma enorme e linda gata preta e branca. Na época eu era casado e minha esposa queria chamá-la de Loly ou algum outro nome estrangeiro. Eu disse que ela tinha cara de Chica e sugeri que a chamássemos de Chiquinha e todos concordaram. Quando a Chiquinha atingiu a fase adulta ela começou a ter mudanças de comportamento terríveis e, nas piores fases, ameaçava pular do 6º andar do nosso prédio. O veterinário recomendou a castração. Com a separação que aconteceu entre eu e minha esposa, nós tivemos que entregar o apartamento que ainda não estava pago e a Chiquinha ficou sem teto, pois eu voltei para a casa de meus pais mas meu pai era alérgico a pêlos de animais. Só Deus sabe quantos "nãos" eu ouvi até aparecer um "sim" favorável a cuidar dela. Eu me comprometi a levar ração prá ela enquanto ela estivesse viva. Agora a Chiquinha estava morando em um sítio ! Um dia, uma das filhas do meu amigo que se comprometeu a cuidar da Chiquinha, me ligou e disse que a ração estava acabando. Eu comprei um pacote grande de ração e fui lá no sítio entregar. A Chiquinha sempre lembrava de mim e chorava na minha chegada e na minha saída. A menina me disse:

- Tio, a Chiquinha é vegetariana !

- Como assim ???

- Ela caça passarinhos, traz em sua boca e nos entrega sem um arranhão !!!

Hoje a Chiquinha é uma gata velha mas continua muito bonita, com o pelo brilhante e bem cuidado. Eu a vejo regularmente e ela tem um sítio inteiro a sua disposição...

Ah, ela continua vegetariana...


"Os gatos tem um jeito
de caminhar em minha alma
como se minha alma fosse
um tapete encantado,
um tapete de lua
ou uma ponte
sobre um rio dourado.

Lua lua lua

Luna, minha gata persa,
tem cor de neblina
e olhos de caramelo,
que me embalam,
que me embrulham,
que me enrolam
como papel celofane.

É peluda e gulosa,
come-come e ronrona,
e se estica e se espreguiça,
enquanto passeia a língua rosa
em cada recanto do corpo."

Roseana Murray

Obs.: A primeira imagem é da internet mas a segunda é a Chiquinha.

sábado, 2 de outubro de 2010

Beleza e Mistério


"A ciência avança a passos largos

criando novas tecnologias
e fazendo descobertas indescritíveis
levando, assim, novas luzes
aos seres de todo globo;
mas não há mão humana
que irá conceber, algum dia,
algo como a luz que emana do seu olhar.

Botânicos se reúnem em congressos
e expõe suas novidades floridas
com suas cores e perfumes inigualáveis
numa grande demonstração de criatividade;
mas nenhum ser vivente na Terra
há de criar em laboratórios ou estufas
a fragrância da sua pele
ou o desabrochar do seu sorriso.

Escritores e filósofos
discutirão sobre enigmas da alma
e do comportamento humano
e criarão, dessa forma,
inumeráveis compêndios explicativos
mas tentarão explicar, em vão,
a beleza e o mistério
do seu coração."

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Lua

"Lua, a maior e mais bela,
é a estrela da minha vida.
Em noites, adormecido,
ela traz brilho ao meu sonhar
revivendo lembranças
que um dia irei vivenciar,
esperando momentos doces
que em muito breve vou passar,
procurando um novo amor
para um dia eu me casar.
Mas não pense que te esquecerei,
pois para sempre irei te amar...

...Lua."


Alfredo Davino Cavallote

domingo, 19 de setembro de 2010

Botan


"Quem na Terra poderá imaginar

as deliciosas sensações da alma livre ?" 

"¿Quién podía imaginar en la Tierra
las sensaciones deliciosas del alma en libertad?"

"Who on Earth could imagine
the delicious sensations of the soul set free?"

"Kiu sur la Tero povos imagi
la plezurigajn sentaĵojn el libera animo?"


André Luiz

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Um Relógio necessita de um Relojoeiro...

Quando abri os olhos eu estava na penumbra do meu quarto. Estava em pé. Virei o rosto para a direita e vi meu corpo deitado na cama. Aflição percorreu todo meu ser pois pensei que tinha morrido. Me acalmei um pouco quando reparei um leve movimento no edredom, que indicava que meu corpo estava respirando. Eu lembrava que, quando tinha ido deitar, tinha vestido um shorts e uma camiseta velha... agora, lá estava eu, só em espírito, vestindo calça jeans, camiseta e meu tênis preferido... fiquei sem entender. Pensei na rua e, num piscar de olhos, apareci em cima da laje do meu quarto, bem do lado da antena parabólica. Foi só pensar na praça do Socorro e lá estava eu flutuando em cima das árvores da mesma. Fiquei ali "volitando" e pensando no que estava passando. Olhava as pessoas a baixo e imaginava se elas poderiam me ver... acho que não. Reparei que a padaria do Dito ainda estava aberta. Um carro de polícia estava em frente, pessoas entravam e saíam do estabelecimento. Nesse momento que fiquei distraido, comecei a descer lentamente... mentalizei "subir" mas acabei subindo muito rápido... mentalizei "descer" e descí muito rápido também... cheguei ao nível do solo, perto das pessoas que estavam na praça... mentalizei "subir" e logo estava bem em cima dos fios do poste de 13800 volts. Naquele instante lembrei de um trecho do filme "Homem de Ferro", bem no momento que ele tenta controlar aquela armadura no ar e acabava subindo ou descendo rápido demais... achei engraçado pois era bem parecido... Me passou pela mente que, se eu conseguia atravessar as paredes da minha casa, eu poderia atravessar as paredes da casa de outras pessoas... nossa... eu poderia entrar na casa dos outros e os ver transando... kkk... Mas logo repeli essa idéia pois lembrei da frase "não faça com os outros o que você não quer que seja feito com você".

Olhei para o céu e estava lindo ! Pensei no planeta Júpter e imaginei como seria maravilhoso poder contemplá-lo de pertinho, com meus próprios olhos e... vupt... lá estava eu diante do gigante de nosso sistema solar. Júpter não era estático como eu via nas fotos, todas aquelas nuvens e cores estavam em constante movimento e mutação. Enquanto olhava deslumbrado essas imagens magnificas, pensei se não seria muita ousadia atravessar aquelas nuvens coloridas e descer até sua parte sólida (se é que era sólida). No mesmo instante apareci onde o comando do meu pensamento me levou mas, o que lá vi me deixou desconcertado... eu estava diante de uma cidade ! Nunca havia respirado um ar tão leve e puro. A luz era fraca como do entardecer. Estava numa rua onde existiam casas parecidas com as nossas. Via muitas flores estranhas mas lindas e, surpreendentemente, elas tinham um leve brilho natural. Me aproximei de algumas flores parecidas com nossas orquídeas e curiosamente aquele brilho, aquela incandescência, ia aumentando a medida que eu me aproximava. Reparei que nas folhas das plantas não predominava a cor verde como nas plantas da Terra. Alí a cor que predominava era o azul, como se a seiva que circulasse nas plantas fosse de uma clorofila diferente. Era um mundo azulado. Nesse instante chegou alguém, e eu me virei prá olhar. Era um ser humano, ou humanóide como eu. Vestia uma túnica alva e sandálias leves. Ele sorriu e me disse, sem articular a palavra falada:

- Seja bem vindo ! Se os guardiões da Terra permitiram sua vinda aqui é porque você atingiu um nível vibrátorio bem significativo !

Respondi, também em pensamento:

- Guardiães ?!?! Não vi ninguém !

- Você não viu mas eles estavam lá... kkk...

- Eu estou em Júpter mesmo ?

- Sim...


- Mas lá na Terra me disseram que não existe vida aqui !

- É porque a vibração da Terra é ainda muito baixa e a nossa já é bem mais alta... imagine o seguinte: vamos supor que as vibrações sejam representadas pelas notas musicais... se a Terra está em "Dó", nós estamos em "Ré". Prá nós a Terra também é desabitada, se lá nós formos com nossa vibração em "Ré". Se nós, de Júpter, baixarmos nossa vibração ao nivel baixo da Terra, poderíamos ficar visíveis a vocês. Entendeu ?

- Mais ou menos... esqueci de perguntar seu nome !

- Pode me chamar de Áulus.

Áulus começou a me mostrar e a falar sobre seu lindo planeta. Reparei que o Sol era só uma pequena esfera alaranjada, bem diferente da forma abrazadora que ele possui para a gente, da Terra. Não entendi como a temperatura de Júpter era tão agradável. Aulus me disse:

- O Sol emite muitas ondas desconhecidas prá vocês, da Terra. Muitas ondas de alta frequência, que passam despercebidas pelos planetas próximos dele, são captadas pelos planetas mais distantes e os mantem aquecido também. Na prática, existem vários Sóis no mesmos lugar...

- Agora é que eu não entendi nada mesmo...

- Imagine que existem dois Sóis somente, para que seja mais fácil de você entender. Certas frequências e luzes só podem ser captadas pelos planetas próximos dele... outras frequências e luzes só podem ser captadas pelos planetas mais afastados.

- Mas não consigo entender como duas coisas podem ocupar o mesmo lugar no espaço...

- O seu espírito está aqui e o seu corpo está lá na Terra. Quando você acordar e seu espirito voltar a habitar seu corpo não serão duas coisas ocupando o mesmo lugar no mesmo espaço ?

- Sim !


- É mais ou menos a mesma coisa dos dois Sóis... venha comigo que eu quero lhe apresentar uma pessoa.

Segui com Áulus por alamedas floridas e perfumadas. Todos me sorriam e acenavam. Olhei para o céu, enquanto caminhávamos, e vi seres estranhos, parecidos com nossas Arraias maritimas, mas estavam voando em bandos no céu colorido. Áulus disse-me que aqueles seres eram originários de um dos vários satélites naturais de Júpter e que eles só ali migravam na época de acasalamento e depois voltavam prá casa. Chegamos diante de uma espécie de palacio feito de material vítreo e esculpido com caracteres desconhecidos para mim. Fomos recebidos por uma mulher linda, com cabelos cor de lua cheia e olhos com brilho de jóias imaculadas. Ela vestia uma tunica linda mas era diferente da tunica de Áulus... ela tinha algo de terraquea. Ela me surpreendeu, quando articulou palavra falada, em bom e claro português:

- Você chegou antes do que eu esperava... kkk...

- Você me esperava ?!?!

- Temos uma missão na Terra.

- Mas eu nunca te vi. Você também está dormindo ?

- Sim, mas estou muito mais consciente do que você. A despeito de morarmos em países diferentes, está escrito que deveremos nos encontrar em breve e cumprirmos uma missão importante.

Áulus disse para aquela linda moça que ele iria me mostrar algumas coisas mas que em seguida nos encontraríamos novamente. Ele me mostrou coisas fabulosas e inexplicaveis naquele castelo ! Eu perguntei a ele se o povo de Júpter acreditava em Deus. Ele disse:

- Vamos supor que você está andando em um lindo bosque da Terra e fique olhando tudo ao redor com naturalidade. Até o momento que você observa um objeto caido na grama. É um relógio de bolso. Naturalmente você o analisará, o abrirá para ver se está funcionando e verá que horas está marcando. Você poderia, em sã consciência, dizer que esse objeto apareceu ali do nada ? Alguém fez aquele relógio... Agora observe o micro e o macro cosmo... você ainda acha que é possível um relógio ser criado sem a intervenção de um relojoeiro ?

- É bem lógica essa sua explicação Aulus...

- Pode perguntar o que quiser, fique a vontade...

- Sou fascinado pelo Sol Áulus. Você poderia me dizer algo sobre ele ?

Em resposta, Áulus segurou em minha mão e, no instante seguinte, estavamos diante do Titã do sistema solar. Lá mesmo, volitando ao lado de Áulus diande da nossa estrela, eu agachei e chorei extremamente envergonhado, por ter questionado a existência de Deus para Áulus. Como algo tão incrível e explendoroso como o Sol poderia ser obra de uma acaso ? Absurdo ! Áulus me deu muitas informações sobre nosso Sol, de como suas manchas aparecem e somem em um ciclo periódico de 11 anos. Ele me disse, também, que as manchas solares são produzidas por gigantescos campos magnéticos que retêm muita energia e luz, que explode nos períodos de mais manchas e abrasa muito os planetas mais próximos a ele. Ele me disse que já era hora de voltar. Quando chegamos a Júpter, ele me disse que aquela moça que falou comigo ia me levar de volta à Terra. Iriamos voltar juntos. Eu disse com toda minha presunção que podia voltar sozinho, que não queria dar trabalho e ela me disse que era melhor ela me levar pois, se eu voltasse para o meu corpo de forma brusca, não lembraria de nada do que aconteceu devido ao choque do espírito e o corpo adormecido. Ela me disse que ia me colocar com carinho no meu corpo pois eu estava autorizado a lembrar de tudo que aconteceu. Ela segurou na minha mão e nos despedimos de Áulus e seu planeta lindo e colorido. Volitamos pelo espaço e ela me falou de sua vida e de nossa missão. Nunca em minha vida senti tanta felicidade ! Chegamos na Terra e entramos no meu quarto... amanhecia. Ela depositou meu espirito lentamente no meu corpo mas, num sobresalto, eu lhe gritei: "como eu vou te reconhecer ???" Mas já era tarde. Acordei.

- CanetaCanetaCanetaPapelPapelPapel !!!

Levantei desesperado, já querendo anotar tudo que estava fresco na memória. Quando olhei para a minha prancheta de desenho, havia uma folha de sulfite bem no meio dela. Uma linda caneta se materializou e, movendo-se sozinha, traçou as seguintes palavras:

"Te conhecí na Atlântida,
e te perdi no Egito.
Te reencontrei na Assíria
e te traí na Pérsia.
Te amei na Babilônia
e te odiei em Sodoma.
Te dei a vida na Caldéia
e te matei em Roma.
Pequei em Jerusalém
e você também.
O ódio nos algemou...
O ódio nos afastou...
Mas depois do Cordeiro
Nunca fomos os mesmos.
Aos poucos aprendemos
que o ódio algema
e o amor une...

...une pela eternidade."

A medida que eu ia lendo o texto, as palavras que eu acabara de ler iam sumindo, como se desmaterializassem e se transformassem em perfume de flores do campo, que impregnava todo meu quarto. A última frase, que se dissipou no ar e deixou a folha em branco, foi essa:

"Você me reconhecerá...

...atravéz...

...do Amor."


=)

sábado, 14 de agosto de 2010

Charles Muench / Fito Páez


¿Quién dijo que todo está perdido?
yo vengo a ofrecer mi corazón,
tanta sangre que se llevó el río,
yo vengo a ofrecer mi corazón.

No será tan fácil, ya sé qué pasa,
no será tan simple como pensaba,
como abrir el pecho y sacar el alma,
una cuchillada del amor.

Luna de los pobres siempre abierta,
yo vengo a ofrecer mi corazón,
como un documento inalterable
yo vengo a ofrecer mi corazón.

Y uniré las puntas de un mismo lazo,
y me iré tranquilo, me iré despacio,
y te daré todo, y me darás algo,
algo que me alivie un poco más.

Cuando no haya nadie cerca o lejos,
yo vengo a ofrecer mi corazón.
cuando los satélites no alcancen,
yo vengo a ofrecer mi corazón.

Y hablo de países y de esperanzas,
Y hablo por la vida, y hablo por la nada,
hablo por cambiar ésta, nuestra casa,
por cambiarla por cambiar, nomás.

¿Quién dijo que todo está perdido?
yo vengo a ofrecer mi corazón.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Chaplin


"La tempo estas la plej bona aŭtoro:

ĝi ĉiam renkontas perfektan finon."

"O tempo é o melhor autor:
sempre encontra um final perfeito."

"El tiempo es el mejor autor:
siempre encuentra un final perfecto."

"Time is the best author:
it always writes the perfect ending."

(Charles Chaplin)

imagem: Katsushika Hokusai

terça-feira, 27 de julho de 2010

SubEmprego e SubMundo


(Quarta - 10 de agosto de 1994)

Você nota que as coisas não vão nada bem quando você acaba de bater o cartão de ponto prá iniciar o serviço e já não vê a hora de ir embora prá casa. Tinha sido assim ultimamente na Coplatex. Foi assim no sábado. Foi uma alegria muito grande quando os ponteiros do impiedoso relógio de ponto marcaram, finalmente, onze horas e eu pude ficar livre dessa prisão assalariada; desse mar de sorrisos amarelos e falsos olhares (sem generalizações, é claro !). Como havia planejado, depois de almoçar e tomar banho, dirigí-me a plataforma nº 1 de Calmon Viana, quebrando a rotina de sair do serviço e ir prá Mogi:

"ATENÇÃO. COMPOSIÇÃO ESTACIONANDO NA
PLATAFORMA DE NÚMERO 1,
SENTIDO POÁ,
CONDUZIRÁ PASSAGEIROS A ESTAÇÃO ROOSEVELT.
PARA PASSAR DE UMA PLATAFORMA A OUTRA
UTILIZE A PASSARELA EXISTENTE. EVITE ACIDENTES".


Havia encontrado com o Leão na plataforma e já estávamos no meio daquele submundo de contrastes, que é a estação ferroviária... terror dos cadeirantes... Se para nós já era difícil se locomover naquele lixo, imagina a situação dos deficientes ! Sim, sim... já ajudei vários cegos a andar por ali... subir aquelas infinitas escadas... mas o pessoal cadeirante era impossível. Para eles poderem ir para a plataforma central era necessário 2 ou 3 guardas o carregarem, com cadeira e tudo, para a outra plataforma. Era um espetáculo bizarro... O Leão ficou em Guaianases e eu em Artur Alvim. Atravessando a passarela logo adquiri meu bilhete de ida e volta do Metrô e coloquei-o no buraquinho que libera a roleta. Estava me sentindo estranho ali pois parecia que eu era a única pessoa que não tinha pressa. Aposto que as mesmas nunca pararam prá observar as luzinhas que acendem quando colocamos o bilhete no orifício:

"PEGUE O BILHETE" (peguei)

"PODE PASSAR" (tá !)

Já no Metrô, não havia nenhum banco desocupado, o que fazia com que eu fosse a única pessoa do vagão que estava de pé. Em compensação não havia aqueles vendedores gritando nos meus ouvidos e nenhuma sujeira, entre outras coisas que encontramos nas composições de Trem. Na Sé fiquei perdido, como cachorro que cai de caminhão de mudança, pois a correria era mais acentuada. Depois de andar um pouco e subir e descer escadas rolantes desnecessárias, encontrei dois guardas, a quem pedi informação sobre a rua do Seminário, o qual disse que eu deveria descer na estação São Bento. Saindo da São Bento pude contemplar o Viaduto do Chá, a minha direita. Era óbvio que as pessoas que me olhavam haviam notado que eu não era dali, pois observava tudo ao meu redor com fascínio. Achada a loja e comprado o dispositivo eletrônico que me interessava, logo fui embora. Desci no Braz com intenção de pegar um lugar sentado no Trem pois eu estava muito cansado. Se pegasse o Trem no Tatuapé ou Artur Alvim, não conseguiria ir sentado. Em Mogi peguei o ônibus Socorro via Estância e logo estava em casa. Ao descer do ônibus vi que o Fabiano tocava a campainha da minha casa. Disse-lhe que foi um golpe de sorte nos encontrarmos e ele concordou. Entramos e ele me disse que iria mudar para Curitiba devido a uma transferência do serviço. Ele veio despedir-se. Também disse-me coisas sobre a Lina que não perguntei e que preferia não saber. A noite esfriou bastante e, enquanto eu assistia "Anos Incríveis" debaixo de um cobertor, com a luz da sala apagada, a Riviane apareceu, tirando-me do conforto aconchegante do lar e fazendo-me ir passear no Shooping, onde passei agradáveis momentos em sua compania.

Estar ao seu lado e ouvir sua voz foi muito bom !

=)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Igualdade / Egaleco


"Ni ĉiuj estas egalaj antaŭ Dio."

"Todos somos iguais diante de Deus."


- Ĉu vi jam konis iun kun Down-sindromo?
- Ne !

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Afabla Vorteto


"Afabla vorteto
estas pli efika ol forto."

"Una palabra de amor
es más eficiente que la fuerza."

"Uma palavrinha carinhosa
é mais eficiente do que a força."

=)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Fotos Antigas



"Estou contemplando as estrelas.

Estão distantes...

...e a luz delas leva tempo para nos alcançar.


Tudo que vemos das estrelas

são suas velhas fotografias."



Dr. Manhattan




quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sonho em Cinco Cenas

SONHO (cena 1) - "Eu tomava conta de seis ou sete jovens gueixas, em um grande quarto mobiliado ricamente com móveis, cortinas e quadros orientais. Lembro-me que todas elas usavam lindíssimos vestidos e clareavam o rosto com maquiagens antigas. Elas tinham muito medo de mim pois eu era uma espécie de "gigolô". No sonho eu era muito duro e exigente com elas, sempre observando se tudo estava limpo e organizado antes do início da chegada dos fregueses. Um chinês, que era o meu superior, me chama na entrada desse lindo salão e me aconselha em voz baixa a nunca me envolver nos problemas pessoais delas. (cena 2) - O sonho "dá um salto" e eu me vejo em uma cena que estou no mesmo salão, conversando com todas elas, que estão em semicirculo a minha frente. Elas falam de suas vidas e seu choro borra um pouco suas maquiagens. Cada uma tem uma estória triste... de como foram arrancadas de suas famílias, noivos, namorados e filhos. Sinto que meu coração de pedra começa a amolecer. (cena 3) - O chefe do meu chefe vem nos visitar. Ele não é oriental, tem aspecto europeu. Ele usa um terno esportivo e tem a barba branca e feições de "papai noel" mas possui um olhar de gelar o sangue. Lembro-me que eu e o chinês que era meu superior morríamos de medo desse senhor e procurávamos fazer os negócios irem bem para não termos o que temer. (cena 4) - É madrugada e, naquele mesmo salão, eu sussurro algo prá elas enquanto um suor gelado escorre pelas laterais do meu rosto. Recordo ter dito: Quando eu abrir o portão é cada um por si ! (cena 5) - Eu estou correndo e correndo... as pernas não obedecem, o peito dói e sinto pontadas logo em baixo das costelas. Junto a mim ficaram duas das moças, que correm, desfiguradas, uma de cada lado. Estamos correndo de mãos dadas através do véu da noite. Vozes de homens e latidos ao longe. Nós três nos olhamos e percebemos o terror em cada um de nossos rostos. Entramos em um depósito de feno e nos escondemos por trás do monte maior... abraçados e tremento... nesse instante acordo."

Tive esse sonho três vezes, exatamente como contei.

imagens: Kitagawa Utamaro (1754 - 1806)

sábado, 29 de maio de 2010

Linda Criança

"Você me comove,
linda criança de faces rosadas,
quando diz "vamo bincá ?"
e me olha sorrindo,
aguardando minha resposta.

Nesses seus olhos castanhos,
noto um brilho que só a infância reflete;
vejo a pureza que defenderei
na medida do possível
pois cedo ou tarde todos perdemos a inocência.

Qualquer situação e local
são motivos de brincadeiras para você e,
por mais melancólico que eu esteja,
um sorriso rasga a dureza do meu rosto
diante de suas agruras e riso argentino,
que penetra no fundo da alma
e faz lembrar tempos distantes.

Você me enternece
quando em faz perguntas simples
que deixam-me sem saber o que responder:

"- Onde mora o avião ?"

"- Porque o trem não anda na estrada ?"

"- O sapo faz xixi na cama ?"

"- Aqui é a casa do ônibus ?"

Depois de levantada uma questão,
jamais você abdica da mesma
e fica me olhando de forma cândida e enigmática,
aguardando a resposta.

Linda criança,
espero ser bom pai e amigo,
se assim estiver escrito
no infindável livro do destino."

agosto de 1996

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Vaca, Frango, Porco, etc...


"La civiliza grado de iu popolo
mezuriĝas laŭ la maniero
kiel ĝiaj bestoj estas prizorgataj."

"O grau de civilização de um povo
se mede pela forma
como seus animais são tratados."

Gandhi



segunda-feira, 17 de maio de 2010

Epitáfio



 G     D       Em      G7    
Devia ter amado mais,
C
ter chorado mais,
Cm G
ter visto o sol nascer.
G D Em G7
Devia ter arriscado mais,
C
e até errado mais,
Cm G
ter feito o que eu queria fazer.


C Cm G E7 A7 D7
Queria ter aceitado as pessoas como elas são;
C Cm G E7 A7 Cm G
cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração.

G G/B Am
O acaso vai me proteger
Cm G
enquanto eu andar distraído.
G G/B Am
O acaso vai me proteger
Cm
enquanto eu andar.


G D Em G7
Devia ter complicado menos,
C
trabalhado menos,
Cm G
ter visto o sol se pôr.

G D Em G7 C Cm
Devia ter me importado menos com problemas pequenos,
G
ter morrido de amor.
C Cm G Em A7 D7
Queria ter aceitado a vida como ela é;
C Cm G Em Cm G
a cada um cabe alegrias e a tristeza que vier.

G G/B Am7 Cm G
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído.
G G/B Am7 Cm G
O acaso vai me proteger enquanto eu andar.
G G/B Am7 Cm G
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído.
G G/B Am7 Cm G
O acaso vai me proteger enquanto eu andar.

G D Em G7
Devia ter complicado menos,
C Cm
trabalhado menos,
G
ter visto o sol se pôr.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Félix


"Kiu sidigas sin en fundo de puto
por kontempli la ĉielon,
certe trovos ĝin malgranda."

"Quem se senta no fundo de um poço
para contemplar o céu,
certamente há de achá-lo pequeno."

 
Han Yu

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