terça-feira, 23 de junho de 2009

Calvin e Haroldo


Sorrindo Sempre !!!
 
Assim como a Fé
um sorriso
também
remove montanhas...
 
Cláudio Tadeu Cavallote

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Jesus e o Centurião


Onze horas. Estava esperando o ônibus em frente do clube Náutico. Iria entrar no serviço as treze horas, no plantão. Um jovem se aproximou e perguntou se podia conversar um pouco comigo.

- Sem problemas
- eu disse.

Então ele começou a falar da sua filosofia religiosa e me explicar sua crença. Um pedaço da conversa foi assim... ele me perguntou:


- Você acredita em Deus irmão?

- Claro !

- Segue alguma religião ?

- Sim. Sigo o Espiritismo.

- Espiritismo não é religião !

- O que é então ?

- É "seita" !

- Ok !

- Já leu a Bíblia ?

- Já li sim...

- Já leu ??? Como, se nem eu mesmo lí ?

- Já li sim cara, do Gênese ao Apocalipse.

- Bom, não adianta só ter lido... você tem que ser guiado por alguém que tem o conhecimento, que tem estudo bíblico. Não é só pegar a Bíblia e ler...

Nesse instante chegou o Pássaro Marron que eu estava esperando. Agradecí pela conversa e peguei o panfleto que o jovem me entregou. Sentei no banco e o reclinei levemente para que eu pudesse chegar com um pouco de conforto até Guarulhos. Fiquei pensando naquela conversa durante o trajeto. O ônibus seguiu viagem pela Mogi-Dutra em direção a Ayrton Senna. Claro... eu preciso de uma pessoa estudada prá me dar orientações sobre o Livro Sagrado... mas, para aquele jovem, a pessoa certa para essa tarefa seria, certamente, seu pastor, padre ou dirigente. Cada um deles, de cada respectiva filosofia, defenderia que a sua interpretação deveria ser a mais adequada e que seria a mais próxima da Verdade. Eu havia lido toda Bíblia ali no ponto mesmo, durante mais de um ano, lendo um pouco por dia enquanto esperava o ônibus. Na verdade a maior parte do Bíblia eu li na rodoviária de Mogi. As vezes eu conseguia ler somente alguns versículos e, outras vezes, era possível ler algumas páginas. Sempre marcava com uma lapiseira o ponto onde eu havia parado. Vi coisas curiosas, belas e estranhas nesse livro. Vi violência, adultério, fé, amizade, remorso, amor, incesto e guerras. Achei curioso o que está escrito no finalzinho do livro do Apocalipse a respeito de supostos adulteradores da Bíblia:

"Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo,
Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro;
e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras
do livro dessa profecia,
Deus tirará a sua parte da árvore da vida,
da cidade santa e das coisas que se acham escritas nesse livro."

Naquela ocasião, fiquei pensando que se essas palavras forem verdadeiras, muitas pessoas podiam estar em apuros... kkk... Mas, se vocês me perguntassem "qual a parte da Bíblia você achou mais interessante ?" Ah, tem uma parte que eu simpatizei muito... me identifiquei mesmo ! Esse trecho me emocionou e, depois que o li, nunca o esqueci:

Mateus - capitulo 8 - versículos 5 a 10:

Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando:

- Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente.

Jesus lhe disse:

- Eu irei curá-lo.

Mas o centurião respondeu:

- Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz.

Ouvindo isso, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam:

- Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta !"

Não sei por que, mas a fé desse centurião me despertou uma grande emoção na época que li esses versículos. Espero que essa passagem desperte em vocês a mesma emoção que despertou em mim... kkk...

*isso foi em 2005

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Nove Anos

Segunda feira. Minha mãe chamou eu e o Sandro prá nos dizer sobre nossa festinha de aniversário que seria na sexta feira. Eu iria fazer 9 anos e o Sandro 7. Ela nos disse que iria fazer uma festa prá nós dois pois não era possível fazer duas festas. Só havia dinheiro prá fazer um bolo. Meu pai nos levou na cidade prá que escolhêssemos nossos presentes. Fomos num sebo e eu escolhi um disco de vinil que estava escrito na capa "Hit Parade". No futuro esse disco iria ser muito requisitado em nossos "bailinhos da vitrola" kkk... Não lembro o que o Sandro escolheu. Quando voltamos da cidade, minha mãe me deu uma cartolina branca e perguntou se eu não conseguiria fazer uns convites para alguns amiguinhos mais próximos, umas 15 a 20 crianças, conhecidos e parentes meus e do Sandro. Eu disse que sim e então ela cortou a folha em uma porção de retângulos pequenos. Então eu fazia um desenho que copiava dos gibis (Mônica, Cebolinha, Recruta Zero, etc) e escrevia, a mão mesmo, um singelo convite para sexta a noite. Na noite da comemoração, logo a patota começou a chegar... o som era do disco na vitrola e as brincadeiras eram esconde-esconde ou pega-pega. Os únicos enfeites eram bandeirinhas da festa junina que haviam sido doadas por alguém. Geralmente nossas festas tinham essas bandeirinhas porque nossos aniversários sempre eram comemorados em junho. Quando chegou a hora de cantar parabéns e cortar o bolo todas crianças ficaram em volta dele com olhares de desejo. Meu pai tirou algumas fotos. Todos comeram um ou mais pedaços do bolo de chocolate e foram para suas casas. Na manhã seguinte, o "Chiclete" passou em casa com seu pneu. Naquela época a mania era andar por aí rodando pneus velhos. Nós imaginávamos que eram carros de verdade. Eu também tinha meu pneu... kkk...

- Oi Tadeu ! Vamo na casa do Fejão ?

- Vamo !

Fui buscar meu pneu. Minha mãe perguntou:

- Você vai almoçar aqui filho ?

- Não. Vou al
moçar na casa do Marcelo, tá ?

- Tá bom. Vai com Deus.

Naquela época nós não conhecíamos "telefone". Nós só havíamos visto esse aparelho pela TV, nas novelas e nos desenhos animados que víamos em preto e branco. Por isso minha mãe quis saber se eu ia almoçar em casa. Quando foi instalado o primeiro orelhão no bairro nós ficamos olhando fascinados para ele, como se fosse algo de outro mundo... kkk... Quem vê o bairro do Socorro hoje nem faz idéia de como aqui já foi carente. Bom, eu e o Chiclete saímos rodando nossos pneus em direção a casa do Marcelo e, posteriormente, até a casa de outras crianças. Logo éramos uma turma rodando nossos pneus pelas ruas de terra. Ao passarmos em frente da padaria do Dito, (que existe desde sempre) pegamos algumas tampinhas de garrafa que estavam em frente a calçada prá depois fazermos nossa "corrida de tampinha". Saímos de lá e fomos no terreno onde havia uma enorme paineira onde nós costumávamos brincar sob a sombra acolhedora de seus enormes galhos. O terreno era arenoso e ideal prá nós fazermos a pista da corrida de tampinhas. "Estacionamos" nossos pneus e começamos a preparar a pista de corrida, que era feita com um pequeno pedaço de madeira (que parecia uma régua) que era puxada sobre a areia formando, assim, a pista. Colocávamos pequenos obstáculos, rampas, curvas, para tornar a corrida mais emocionante. Era como se fosse uma pista de "motocross" em miniatura. Tínhamos direito a dar 3 toques com o dedo na lateral da tampinha que deslizava sobre a pista. Passamos a manhã toda brincando. Fui almoçar na casa do Marcelo. Entrei na singela casa de meu amigo e encontrei com sua avó que macetava algo no velho pilão. Ela me disse que estava fazendo paçoca prá gente...
F
iquei até com água na boca... Nosso almoço foi um prato de virado acompanhado de um copo de água. Estava muito gostoso. Quando a paçoca ficou pronta nós a comemos assistindo o "Bat-fino" que estava passando na Record. Depois do almoço decidimos andar de carrinho de rolemã. Como a rua da casa do Marcelo era uma das poucas asfaltadas na época, era prá lá que íamos sempre. As vezes apostávamos corridas, outras vezes descíamos a ladeira prá fazer as rolemãs soltarem faíscas nas curvas forçadas... mas o que eu mais gostava mesmo era de sentar no carrinho e riscar estradas segurando um tijolo em cada mão, enquanto alguém me empurrava. Nós fazíamos um verdadeiro complexo viário com todos aqueles riscos em cima do asfalto. Tinha carrinho-polícia, carrinho-ambulância e tudo mais que nossa criatividade permitisse. Era fatal acontecerem acidentes nos cruzamentos... kkk... Num dado momento a patota fez uma "rodinha" e ficou cochichando... cheguei de mansinho e descobri que falavam de mim... fiquei com vergonha pois alguém havia descoberto que eu tinha escrito "Cláudio ama Simone" num dos galhos da paineira... é que eu era apaixonado pela irmã do Chiclete mas nunca imaginei que alguém pudesse subir tão alto como eu naquela paineira e ler o que eu escrevi raspando um prego na casca da árvore... kkk... Nossa, já estava escurecendo e eu achei melhor ir embora.


- Péra mais um pouco Tadeu ! Nós vamos fazer uma fogueira ! O Fejão já trouxe até as batatas e o Chiclete foi buscar o sal !

Logo as batatas estavam sendo assadas ao crepitar das madeiras, no fogo. Era fascinante, algo sobrenatural, conversar e ver as expressões das crianças banhadas pela luz ondulante do fogo. Nunca faltava assunto naquela roda. Falávamos das meninas, da escola, de fantasmas e de tudo que viesse em nossa mente !
Dep
ois de comer as batatas com sal, achei melhor ir embora pois pensei que minha mãe devia estar preocupada. A turma permaneceu em volta da fogueira. Quando cheguei em casa, minha mãe ficou espantada. Eu não entendi por que. Ela disse:

- Olhe no espelho filho !

Quando olhei no espelho vi o quanto estava sujo... verdadeiramente encardido !!! O cascão que o diga... kkk... Depois de tomar um banho caprichado, fui assistir meus programas prediletos de fim de noite: Ultra Seven e Fantomas... Depois dos programas não aguentei, cai dormindo ali no sofá mesmo... ouvi dizer que meu pai é que me levou para a cama... kkk...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...