(Quarta - 10 de agosto de 1994)
Você nota que as coisas não vão nada bem quando você acaba de bater o cartão de ponto prá iniciar o serviço e já não vê a hora de ir embora prá casa. Tinha sido assim ultimamente na Coplatex. Foi assim no sábado. Foi uma alegria muito grande quando os ponteiros do impiedoso relógio de ponto marcaram, finalmente, onze horas e eu pude ficar livre dessa prisão assalariada; desse mar de sorrisos amarelos e falsos olhares (sem generalizações, é claro !). Como havia planejado, depois de almoçar e tomar banho, dirigí-me a plataforma nº 1 de Calmon Viana, quebrando a rotina de sair do serviço e ir prá Mogi:
"ATENÇÃO. COMPOSIÇÃO ESTACIONANDO NA
PLATAFORMA DE NÚMERO 1, SENTIDO POÁ,
CONDUZIRÁ PASSAGEIROS A ESTAÇÃO ROOSEVELT.
PARA PASSAR DE UMA PLATAFORMA A OUTRA
UTILIZE A PASSARELA EXISTENTE. EVITE ACIDENTES".
PLATAFORMA DE NÚMERO 1, SENTIDO POÁ,
CONDUZIRÁ PASSAGEIROS A ESTAÇÃO ROOSEVELT.
PARA PASSAR DE UMA PLATAFORMA A OUTRA
UTILIZE A PASSARELA EXISTENTE. EVITE ACIDENTES".
Havia encontrado com o Leão na plataforma e já estávamos no meio daquele submundo de contrastes, que é a estação ferroviária... terror dos cadeirantes... Se para nós já era difícil se locomover naquele lixo, imagina a situação dos deficientes ! Sim, sim... já ajudei vários cegos a andar por ali... subir aquelas infinitas escadas... mas o pessoal cadeirante era impossível. Para eles poderem ir para a plataforma central era necessário 2 ou 3 guardas o carregarem, com cadeira e tudo, para a outra plataforma. Era um espetáculo bizarro... O Leão ficou em Guaianases e eu em Artur Alvim. Atravessando a passarela logo adquiri meu bilhete de ida e volta do Metrô e coloquei-o no buraquinho que libera a roleta. Estava me sentindo estranho ali pois parecia que eu era a única pessoa que não tinha pressa. Aposto que as mesmas nunca pararam prá observar as luzinhas que acendem quando colocamos o bilhete no orifício:
"PEGUE O BILHETE" (peguei)
"PODE PASSAR" (tá !)
"PODE PASSAR" (tá !)
Já no Metrô, não havia nenhum banco desocupado, o que fazia com que eu fosse a única pessoa do vagão que estava de pé. Em compensação não havia aqueles vendedores gritando nos meus ouvidos e nenhuma sujeira, entre outras coisas que encontramos nas composições de Trem. Na Sé fiquei perdido, como cachorro que cai de caminhão de mudança, pois a correria era mais acentuada. Depois de andar um pouco e subir e descer escadas rolantes desnecessárias, encontrei dois guardas, a quem pedi informação sobre a rua do Seminário, o qual disse que eu deveria descer na estação São Bento. Saindo da São Bento pude contemplar o Viaduto do Chá, a minha direita. Era óbvio que as pessoas que me olhavam haviam notado que eu não era dali, pois observava tudo ao meu redor com fascínio. Achada a loja e comprado o dispositivo eletrônico que me interessava, logo fui embora. Desci no Braz com intenção de pegar um lugar sentado no Trem pois eu estava muito cansado. Se pegasse o Trem no Tatuapé ou Artur Alvim, não conseguiria ir sentado. Em Mogi peguei o ônibus Socorro via Estância e logo estava em casa. Ao descer do ônibus vi que o Fabiano tocava a campainha da minha casa. Disse-lhe que foi um golpe de sorte nos encontrarmos e ele concordou. Entramos e ele me disse que iria mudar para Curitiba devido a uma transferência do serviço. Ele veio despedir-se. Também disse-me coisas sobre a Lina que não perguntei e que preferia não saber. A noite esfriou bastante e, enquanto eu assistia "Anos Incríveis" debaixo de um cobertor, com a luz da sala apagada, a Riviane apareceu, tirando-me do conforto aconchegante do lar e fazendo-me ir passear no Shooping, onde passei agradáveis momentos em sua compania.
Estar ao seu lado e ouvir sua voz foi muito bom !
=)
Estar ao seu lado e ouvir sua voz foi muito bom !
=)
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