domingo, 25 de dezembro de 2011

Doutrinando... =)

Como sempre, fui o primeiro a chegar no Centro Espírita. Já possuo a chave e, então, o abri e comecei a preparar o ambiente para nossos trabalhos. Eu sabia de antemão que a equipe espiritual, muito antes de eu chegar, já estava naquele ambiente preparando tudo "do lado de lá", então tomei muito cuidado com meus pensamentos e atitudes, para não prejudicar todo preparo que havia sido feito por nossos irmãos desencarnados. Abri as portas e janelas e uma brisa fresca circulou por todos os cômodos. Coloquei o CD com as músicas selecionadas e calmantes. Arrumei as cadeiras. Conferi se os banheiros estavam limpos e com papel higiênico. Completei a água do filtro de barro. Começou a escurecer e os trabalhadores e frequentadores começaram a chegar. No salão principal, onde logo seria feito o evangelho, eu deixei as luzes azuis acesas... um azul calmante... Rapidamente o salão se encheu. O evangelho estava prestes a começar. Eu fui até lá fora olhar para o céu que estava muito estrelado. Não passo uma única noite em minha vida sem olhar para o céu. Essa atitude me mantém humilde... me lembra como sou pequenino e como Deus é grande. Entrei e o evangelho teve início. O orador falou com maestria sobre um trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, onde são citadas a Bem Aventuranças. Após o evangelho, a frase "graças a Deus" é o sinal para que os trabalhadores levantem do salão e se encaminhem para a sala onde ocorrerão os trabalhos de passe, cromoterapia e doutrinação. A equipe se reúne em semicírculo e o dirigente faz uma prece. São aplicados os passes em nós mesmos e, logo em seguida, são os frequentadores que recebem os passes. Na próxima etapa são divididas as turmas de cromoterapia e doutrinação. Sou selecionado para fazer doutrinações junto a Bete, uma médium experimentada e treinada. Ela senta na cadeira e eu sento na outra cadeira que está a sua direita. Ela se concentra e não demora muito para que receba um irmão desencarnado. Eu percebo isso pelo sutil movimento do corpo dela prá frente e prá traz. A doutrinação então começa:

D - Seja bem vindo... graças a Deus...
M - Eu estou meio atrapalhado... não sei direito onde que eu vou nem onde que eu fico... a minha roupa já está toda mulambenta, tudo sujo! Não tenho casa, não tem lugar de eu dormir! Que frio que é a rua! Eu gosto mesmo é dos cachorros... que os cachorros me faz compania... os cachorros me esquenta o frio... ah! eu não gosto de gente... gente é ruim!!! Gente não ajuda a gente a hora que a gente precisa... as vezes alguma comida... algum filho de Deus te dá um prato de comida... a maioria vira a cara prá você e nem quer te ver pela frente porque você já é um trapo de gente... e não sei...
D - Irmão...
M - ...porque esse Deus existe... porque que Deus faz essas coisas... eu não entendo muito isso até hoje...
D - Preste atenção agora onde você está. Você está em um lugar diferente. Volte sua atenção para...
M - ...um albergue! Não é um albergue?
D - Não, aqui é um...
M - ...eu tava num albergue hoje... minha cabeça tem piolho! Tem tudo na minha cabeça!
D - Aqui é um centro espírita. Já ouviu falar em centro espírita?
M - Eu já!
D - Então... você está aqui no centro espírita hoje. É uma espécie de hospital... um pronto socorro.
M - ...centro espírita... ouvi falar que era lugar de gente louca... no centro espírita??? Acho que fiquei louco...
D - Você está aqui em tratamento, como pode observar, você está sendo tratado nesse instante por essa equipe...
M - ...as vezes tinha nojo de por a mão em mim...
D - Agora, nesse momento, se você está aqui hoje, você já desencarnou. Faz idéia disso?
M - O que é desencarnou?
D - Você já morreu. Deixou seu corpo físico. Você pode reparar que esse corpo não é seu.
M - Mas eu continuava na sujeira do mesmo jeito... como eu já morri?
D - Terminou seu tempo de encarnado. Você morreu... seu espírito deixou seu corpo e você foi trazido aqui prá lhe ser mostrado que a vida continua. Você pode ver que esse corpo é de uma médium, uma irmã que está tentando te auxiliar e te mostrar isso prá você se acalmar e...
M - ...continua a vida?
D - A vida continua no plano espiritual e...
M - ...mas daquele jeito eu não quero não! Quero morrer, não quero continuar daquele jeito!!!
D - Depois você vai entender o porque de você ter passado por aquilo... pela situação de pobreza que você passou. Não é o momento de lhe dar essa explicação. Está se sentindo melhor?
M - É... não sei por que mas acho que estou...
D - Então, acho que tem uma pessoa lhe chamando, lhe estendendo a mão... pode ver?
M - Posso...
D - Essa pessoa vai lhe dar outras explicações, tá?
M - ...mas é uma menina tão nova!
D - Essa pessoa vai tirar outras dúvidas suas e vai lhe encaminhar, tá bom?
M - Eu vou acreditar em você...
D - Agradeça a Jesus essa oportunidade. Vá em paz, graças a Deus!
M - Graças a Deus!

Enquanto aguardava a próxima doutrinação, fiquei observando os três grupos de cromoterapia a minha frente, que atendia a diversos pacientes, um por vez. Olhei prá cima e lá estava aquele quadro... o enorme quadro na parede... com a gravura de Jesus curando uma criança nos braços da mãe... poderia olhar essa imagem mil vezes e nunca cansaria de apreciá-la... mas logo tive que voltar a minha atenção novamente para a médium, pois outro irmão desencarnado acabara de chegar...

D - Graças a Deus meu irmão, seja bem vindo.
M - Ai!... eu não sei... eu não sei o que estou fazendo... eu não sei direito nem quem sou mais... ai!...
D - Você faz ideia de onde estava antes de chegar aqui?
M - ...lugar feio!!! ...um lugar escuro!!! ...um lugar cheio dum negócio... melado!!! Parecia um... sujo!!! Que coisa esquisita...
D - Mas... faz alguma ideia de como você foi parar nesse lugar?
M - Eu não sei... não sei... tudo confuso na minha cabeça... eu não consigo entender o que se passa mais comigo... eu não sei...
D - Mas, do momento em que você veio prá cá, aconteceu alguma mudança, alguma alteração? Você fez algum pedido ou alguma coisa assim, meu irmão?
M - Eu pedi tanto! ...depois esqueço... só se foi isso! Alguma dessas horas que estou consciente... que eu pedi... deve ser isso... deve ser...
D - Se você reparar, você não está mais naquele local. Você está recebendo auxílio nesse instante. Percebe que já começa a entrar em equilíbrio?
M - ...estou me sentindo um pouco mais... não sei... parece que um pouco mais inteiro... parece que eu estou mais inteiro... é como se faltassem pedaços de mim... agora parece que estou mais eu... estou ficando mais calmo... eu não sei...
D - Acredita em Jesus irmão?
M - Acho que acredito que tem alguma força maior, acho que acredito! Eu cheguei a perder a fé! Eu cheguei a perder a fé! Mas deve ter alguma força maior que me tirou daquele lugar.
D - Então meu irmão, vou te esclarecer rapidamente prá que você possa seguir, tá? Você está amparado... aqui é um centro espírita, que é uma espécie de hospital...
M - ...então eu não vou voltar mais par aquele lugar?
D - Isso depende de você manter sua vibração elevada meu irmão. Com certeza você não voltará lá se não for de tua vontade, não é?
M - Está certo...
D - Tem consciência que desencarnou?
M - Tenho, tenho...
D - Tá certo... está se sentindo melhor?
M - Eu estou, agora eu estou, eu estou melhor... eu acho que vou melhorar mais, eu acho que eu vou, só de ver como esse lugar é limpo, eu acho que vou melhorar mais...
D - Certo; só peço prá você, meu irmão, evitar de dizer "eu acho"... diga "eu vou" melhorar que, com certeza, você vai melhorar e reestabelecer totalmente sua saúde e...
M - ...é que eu não tinha certeza de mais nada, então, por isso que eu disse "eu acho" mas eu acho que agora eu posso ter certeza, , que vou melhorar...
D - Com certeza você está entrando em equilíbrio e está reestabelecendo a sua saúde, tá?
M - Tá bom... obrigado então!
D - Você pode ver que tem uma pessoa lhe chamando?
M - Posso!
D - Ele vai prestar outros esclarecimentos, tá? Então vamos agradecer a Jesus essa oportunidade...
M - Graças a Deus!
D - Vá em paz, graças a Deus!

Fiquei olhando o pessoal da cromoterapia, enquanto aguardava a próxima doutrinação. O dirigente do centro conversava em voz baixa com alguns pacientes e anotava algumas coisas na ficha individual deles. O paciente sentava em um banquinho de madeira envernizada e eram aplicadas diversas combinações de cores em sua aura ou em seus chakras. Foi aplicada uma sequência de cores em uma senhora... primeiro no chakra coronário e depois no chakra umbilical. Parei de olhar a "cromo" e me concentrei na doutrinação pois outro espírito já chegara...

D - Graças a Deus meu irmão.
M - Eu estou cansado! Tem um peso nas minhas costas tão grande... que eu mal consigo andar!!! Eu não entendo porque tanto peso nas minhas costas que quase me arreia no chão!!!
D -Faz idéia do motivo porque você está sentindo esse peso meu irmão?
M - Eu não sei... eu não consigo entender! Eu sempre fui trabalhador. Eu tinha meu comércio... eu trabalhava... direito! Eu não entendo porque esse peso sobre minhas costas!
D - Se recorda onde estava antes de chegar aqui?
M - Num lugar esquisito... feio! Mas sempre esse peso nas minhas costas, no meio de umas pessoas, andando sem parar... procurando ajuda... mas ninguém queria me ajudar... a carregar!
D - Mas como você foi parar nesse lugar?
M - Acho que eu morri... e fui prá lá! Não sei... eu pensei que fosse prá outro lugar!
D - Mas você acreditava em que meu irmão, enquanto você estava vivo?
M - Eu? Acreditava... em Allah! Allah!
D - Mas você nunca parou prá pensar se nós continuamos vivos, se nós não...
M - ...sabia que a vida é eterna... sabia... mas não pensei... queria que ele me mostrasse... o que eu fiz de errado, ?
D - Quem?
M - Allah!
D - Você sabe que local é esse meu irmão? Faz idéia?
M - Não.
D - Então vou lhe explicar, tá bom?
M - Que lugar é esse?
D - Aqui é um centro espírita. Já ouviu falar em...
M - ...não é um templo... não é um templo... porque um templo é diferente. O templo que eu frequentava era diferente.
D - Vou tentar te explicar de maneira mais compreensível: aquele que você chama de Allah, tem outras pessoas que chamam de Jeová, outras pessoas chamam de Deus... cada pessoa dá um nome, cada religião dá um nome, mas na verdade só existe um Deus, só existe um Allah, só existe um Jeová, que ilumina todas crenças e esse templo aqui, esse centro espírita, é uma religião, uma crença que está iluminada por Deus e você está aqui hoje em pleno tratamento... acredito que você deva estar se sentindo melhor. Está mais aliviado?
M - É verdade...
D - E você vai compreender outras coisas que vão ser explicadas pois esse não é o momento de...
M - ...acho que agora eu estou entendendo... o porque do peso que tinha sobre as minhas costas...
D - É, meu irmão?
M - Ele está me mostrando!!! Acho que Allah está me mostrando!!!
D - Está conseguindo ver?
M - Sabe o que é? Diz que eu roubei no peso das coisas que eu vendi!!! Eu pesei menos prás pessoas e cobrei o preço a mais... tudo isso que pesou nas minhas costas... por isso que eu fiquei tantos anos... carregando o peso daquilo tudo que eu tirei!!!
D - Mas mesmo tendo essa crença em Allah, meu irmão? Você cometeu esse desvio?
M - Eu fiz!!! Eu fiz!!!
D - Tá certo... mas você sabe que Deus não desampara ninguém...
M - ...acho que não, né?
D - No momento você está em pleno tratamento. Você está recomeçando uma nova etapa da sua vida. Deixe essas coisas prá traz, vamos olhar prá frente porque, se aqui estamos juntos, não é meu irmão, é porque...
M - ...eu vou tentar...
D - ...todos nós já erramos na vida e estamos tentando trilhar um novo caminho...
M - ...eu vou tentar...
D - Vamos seguir com essa pessoa que está lhe chamando?
M - Eu vou sim! Eu vou!
D - Então, agradeça a Deus a oportunidade...
M - ...graças a Deus!
D - Vá em paz, graças a Deus!

Fiquei então em prece a aguardar a próxima doutrinação, quando o dirigente do centro tocou no meu ombro e deu um sinal que a próxima doutrinação ele mesmo faria. Lhe ofereci a cadeira mas ele preferiu doutrinar em pé mesmo. Fiquei olhando atentamente tudo prá meu aprendizado. Ele se concentrou como se buscasse algo ou algum lugar em sua própria mente. Logo a médium deu sinal que recebeu um espírito. Eu acompanhei com a curiosidade de um aprendiz, tentando imaginar o drama por traz daquela estória que se desenrolou diante de mim:

D - Seja bem vindo irmão.
M - Não sei se sou bem vindo aqui... você sabe...
D - Sempre será bem vindo. Seria melhor bem vindo se estivesse aqui nesse momento dando a boa notícia que realmente aceitou nosso convite, entendeu? Aí seria então muito mais bem vindo. Mas por enquanto, infelizmente, estamos aqui ainda precisando do diálogo prá ver se você aceita que até o momento você insiste em permanecer.
M - Por que o senhor não me deixa na minha ignorância até quando eu achar que devo?
D - Você conversou com nosso irmão desencarnado?
M - É... eu conversei...
D - E o que ele disse a você?
M - Tudo que você já me disse: que eu preciso confiar... que a vida continua... que eu já vi... que um dia eu vou ter a oportunidade de voltar... mas quem me garante que eu vou voltar, você entendeu, e vou... assim... no mesmo lugar?
D - Viu meu irmão, é só você pensar que...
M - ...eu posso voltar então lá no outro mundo não sei onde...
D - Não... você tem que entender que a ligação entre vocês existe, tanto é que você está aqui. Então, essa ligação, mesmo com afastamento, há de se manter. Mediante essa ligação ora interrompida, se você fizer realmente por merecer, agir de acordo com nossas orientações, você vai ter oportunidade, você tem que confiar nisso. Tem que confiar que isso é tão certo quanto é certa a existência eterna do espírito, como você está aqui a conversar comigo. Eu creio que você, no passado, também duvidou que ia sobreviver espiritualmente, não é verdade? E hoje está aqui a conversar comigo como um espírito desencarnado... você está vendo como são as coisas? Então, se também, no passado, eu pregasse isso prá você, que você ia sobreviver, você ia duvidar.
M - É...
D - Então você tem que confiar. A lei existe, a união existe e há de permanecer. É só você ter a devida paciência e aguardar o momento oportuno. Você ainda não entendeu que tem provas e que está se prejudicando?
M - Eu?
D - Sim, está se prejudicando...
M - Eu não sinto nada... eu não sinto dor... eu não sinto nada...
D - Você está retardando esse novo encontro. Já lhe expliquei que não adianta: no plano espiritual e no físico não há união. São mundos diferentes. Por que insistir? Vamos dar tempo ao tempo. Vamos aguardar a nova vida em conjunto...
M - ...aí quando ela morrer... aí...
D - ...vocês poderiam até se rever, claro, como não? Para programar a nova existência física. Não deram esta informação prá você aí no plano espiritual?
M - É... mas é que é tanta coisa que deixa... que acontece assim de errado que é como se você mergulhasse no escuro e depois não achasse a porta prá sair.
D - É, mas você, desta feita, está achando a porta sempre pois nós estamos mostrando. Nós estamos mostrando a saída, dentro da lógica. Basta você querer. Você não pode alegar ignorância, não pode alegar que está perdido porque nós estamos lhe dando todas as condições, só não estamos obrigando, porque não é lógico. Estamos apenas instruindo para que se opere por livre e espontânea vontade.
M - Então... eu saio... de coração...
D - Não tenha dúvida que a lei divina, já estabelecida, há de unir também, um dia, de acordo com o novo propósito que você deseja...
M - ...e eu vou ter alguma coisa prá que eu me ocupe?
D - Sim, a vida continua! Não tenha dúvida, você não vai ficar desamparado na espiritualidade. Pelo contrário, se você falar hoje, nesse momento, com esse nosso irmão que realmente aceita ir com ele, você vai ter grandes surpresas. Você vai ter a moradia, os afazeres que a vida espiritual tem a oferecer, que são até bem mais interessantes do que aqueles aqui na matéria. Pode ter certeza. Oras, você podia fazer, pelo menos, essa experiência; viver esse novo esquema de vida meu irmão. Se você também não tenta como é que vai ter certeza que vai se arrepender?
M - Está certo...
D - Você tem que dar uma oportunidade a si mesmo. Pelo menos tentar e conhecer novos horizontes. Caso você mais tarde se arrependa e queira voltar, você nunca será preso, amarrado, obrigado a...
M - ...eu vou com ele...
D - Nós somos orientadores. Não obrigamos ninguém a fazer nada.
M - Vou conhecer então esse lugar que ele está falando.
D - Mais uma vez eu fico aqui na esperança que realmente...
M - ...ele me mostrou um lugar que eu vou poder ficar, fazer o que eu quiser fazer.
D - Sim, a vida continua, não é? É tão verdadeiro que aí você está com esse amigo, que mais uma vez relembra esse fato importante.
M - Então eu vou com ele hoje.
D - Como sempre, fico aqui torcendo prá que realmente isso aconteça e você encontre a sua paz...
M - Eu vou...
D - Graças a Deus meu irmão.
M - Graças a Deus! Graças a Deus!
D - Vá em paz.

O dirigente, então, olhou para o relógio de ponteiros que estava na parede e reparou que já era hora de encerrar o trabalho. Disse com voz suave para que os médiuns não mais se concentrassem. Foi feita uma linda prece de encerramento. Foi pedido, também, que Jesus abençoasse a todos para que pudessem seguir em paz para seus lares. Depois foi acesa a luz mais forte e nos abraçamos e nos despedimos, aguardando a próxima semana para que pudéssemos continuar nossos incessantes e abençoados trabalhos.

=)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vamos Ajudar Nossos Amigos de Patas...

tuuu.... tuuu... (som de chamada telefônica...)

- Oi Cidinha!
- Oi Cláudio, tudo bem ?
- Tudo ok!
- Você leu meu email? Vai vir aqui no domingo?
- Vou sim Cidinha!
- Tudo bem! Te aguardo aqui as 9 horas pois meu dia começa cedo. As 6:30 já começo a cuidar dos meus "filhos"...

A Cidinha e o Ronaldo fazem um trabalho muito bonito, que eu acompanho de perto a muitos anos. Eles, junto com uma rede de colaboradores, cuidam de 63 cães em um sítio no Conjunto Santo Ângelo e, também, 40 cães e 23 gatos na sua própria casa. Tudo muito limpo e organizado... a custa de muito trabalho e dedicação.

- Entra Cláudio, fica a vontade!
- Conte uma estória interessante sobre esses gatos Cidinha... me fale sobre essa gato aqui, que não enxerga.

- O nome dele é Sol. Em fevereiro de 2003, eu e o Ronaldo fomos passear em Porto Seguro. Ficamos hospedados em um hotel. Logo reparamos que um filhote de gato perambulava por ali, principalmente em volta da piscina. Fiquei curiosa e peguei o gato no colo mas logo notei que havia algo errado. Havia uma secreção... um pus nos dois olhos do gato. Comprei um medicamento prá limpeza e tentei remover a secreção com algodão e tive uma surpresa: não haviam olhos... as órbitas oculares estavam vazias. Conversei com o dono do hotel e ele me disse que já sabia sobre esse gato. Ele teve dó de "sumir" com esse gato pois ele era cego. Ele disse, também, que o gato já havia caído duas vezes na piscina e que se isso acontecesse a noite, provavelmente ele se afogaria pois não haveria ninguém para o resgatar. Eu decidi o levar prá São Paulo mas, para que eu o pudesse levar no avião, haveria de ser vacinado. A veterinária local concordou em vaciná-lo mas ela disse que ele só poderia ser levado daqui a 30 dias, que era o prazo prá verificar se alguma doença iria se manifestar. Mas eu já estava de malas prontas prá voltar e não podia esperar mais 30 dias! A médica foi irredutível... disse que tinha que seguir o protocolo, mesmo sabendo que fazendo isso estaria assinando a sentença de morte do gato. Então eu tirei o gatinho da caixa e mostrei para a veterinária. A visão do gato amoleceu o coração da doutora que, além de vacinar o gato, fez um atestado de vacinação retroativo a 30 dias, para que ele pudesse embarcar junto comigo e com o Ronaldo no avião. Ele recebe muito carinho e auxílio dos outros gatos e hoje está em tratamento renal, pois possui um rim atrofiado.
- E aquele gato que está naquela prancha tomando sol Cidinha?
- Ah, aquele é o Pimpolho... em uma noite de 1994, eu estava passando com meu carro ao lado da Praça das Bandeiras, bem no centro de Mogi. Tive a impressão de ouvir um miado, parei o carro e fui na direção do som. Encontrei esse gato, ainda filhote, muito magro e fraco. Ele se movimentava com dificuldade, então o levei no veterinário para ver o que acontecia. Ele descobriu que o "Pimpo" estava com a pata dianteira quebrada e que a pele da coxa dele estava toda perfurada, como se alguém tivesse espetado o gato diversas vezes. Isso fez com que ficasse ar preso em baixo da pele criando assim uma grande infecção. Foi muito engraçado o tratamento desse gato pois ele ficou todo enfaixado parecendo uma múmia...- E essa cachorrinha simpática aqui Cidinha... qual é a estória dela?
- Essa é a Boneca. Um dia eu estava passando ao lado de um grande terreno vazio, quando reparei que um homem acabara de chutar essa cachorra. Sem perda de tempo eu fui na direção do homem, exigir uma explicação pela sua brutalidade mas fiquei sem palavras quando reparei que ela estava dando a luz a vários filhotes. Chamei a atenção do homem e o ameacei denunciar se ele ousasse tocar na cachorrinha novamente. Ali no terreno mesmo, junto a outras pessoas que estavam próximas, nós improvisamos uma casinha com caixa de papelão para que ela pudesse dar a luz aos filhotes com o mínimo de proteção contra o frio da noite. Foram 8 filhotes dos quais 3 já foram doados. Todos nasceram com muitos vermes mas nós os tratamos. Na época não havia mais espaço prá nenhum animal aqui em casa. Então eu improvisei uma "casinha" na parte de baixo da churrasqueira com uma adaptação que foi feita pelo pedreiro.
- E esse gato brincando com esse coelho Cidinha???
- Ah, essa é a Botinha e o Branquinho...
- Botinha?
- É por causa das patas dela... repare que são quatro patas da mesma cor, como se fossem quatro botas brancas...
- É mesmo!
- A Botinha foi o Ronaldo que viu, uma vez que ele foi levar o Pastor prá passear. Ele me disse que viu um gato no ponto de ônibus, em baixo do banco, e me pediu prá ir lá vê-lo. Na correria da Corretora de Seguros que eu trabalho, acabei esquecendo de ir ver o gato. Por incrível que pareça, no dia seguinte eu fui lá no ponto e ele estava no mesmo lugar! Estava muito magro e abatido. Fez amizade com o coelho Branquinho, que eu achei atravessando uma rua lá no Santo Ângelo. Formam um bela dupla!
Foi assim a minha visita a casa da
Cidinha e do Ronaldo e ao LCA.

Muito brigado pelo carinho, a atenção,
o bolo e o cafezinho...

Se alguém se interessar em ajudar a ONG
"Lar dos Cães Abandonados",
deposite qualquer quantia nessa conta:

Banco Bradesco: 237

Agência: 2770

Conta Corrente: 14800-8

Mais informações podem ser obtidas diretamente com a Cidinha:

lardoscaesabandonados@yahoo.com.br

Nossos amiguinhos agradecem...

=)

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