Exatamente onde é a entrada principal do Mogi Shopping hoje, estávamos eu e o Durval, em uma época em que nem se imaginava que haveria um Shopping naquele local. Nós brincávamos com nossos estilingues e tentávamos acertar os cachos de mamonas que existiam aos montes ali. Também brincamos um pouco de empilhar latas e as derrubar com pedras arremessadas com o estilingue. Depois começamos a seguir uma trilha de formigas saúva. Eu ficava admirado e fascinado de olhar aqueles insetos cortando e carregando pedaços de folhas que tinham tamanhos incríveis em comparação a eles. As pequenas trilhas de formigas iam convergindo para outras grandes onde havia um enorme fluxo de formigas que iam e vinham. Conseguimos achar o formigueiro no local onde hoje é o posto de gasolina que fica atrás do Shopping. Alí havia uma verdadeira "floresta" de pés de mamona ! Nós estávamos no meio dessa folhagem. Logo a nossa frente havia um grande casarão antigo que, durante muito tempo, esteve abandonado mas que, agora, era ocupado por uma enorme família carente que havia invadido o imóvel. Por entre as folhas de um grande pé de mamona nós podíamos ver as crianças maltrapilhas a brincar com barro e gravetos. O Durval, depois de fazer uma expressão de admiração, apontou com o dedo para uma das crianças e disse em voz baixa:
- Olha a puta ! A puta ! Eu não fazia idéia do que ele estava dizendo pois essa palavra não constava no meu vocabulário até então. Eu não entendia o sentido da palavra "puta". Olhei para a menina prá ver se ela me dava alguma pista. Ela devia ter uns nove ou dez anos como nós... cabelos claríssimos e pele branca como dos alemães e olhos verde claro. Usava um vestidinho surrado e, não fosse maltrapilha e desnutrida como as outras crianças, pareceria uma princezinha... Então eu concluí, em meus pensamentos:
- Ele deve estar querendo dizer que ela é bonita... deve ser isso !
Essa menina eu vim a reencontrar no Camilo, muitos anos depois, mas essa é outra estória... kkk. Cansamos de ficar espionando aquela casa e fomos mais para o meio do terreno pegar um pouco de argila prá brincarmos. Lá havia argila de três cores: branca, rosa e marrom. Levei um pouco prá casa. Amoleci com um pouco de água e, junto do Sandro, fizemos pequenos bonecos com a argila. Deixamos no sol mas quando as "esculturas" secavam elas ficavam quebradiças. A noite meu pai viu e nos disse que ia comprar um produto que daria dureza para a massa. Na próxima segunda feira a tarde ele nos levou no centro de Mogi prá passear e prá comprar o produto na única loja de artesanato que existia naquele tempo. O homem da loja nos ensinou a dosagem certa do produto que iria ser misturado na argila e água prá formar uma massa uniforme. Meu pai também comprou um frasquinho de tinta prá pintar nossas obras. Cada um de nós fez uma estátua mas meu pai fez um elefante verdadeiramente admirável ! No sol ele secou rapidamente e logo foi pintado. Foi colocado em cima da nossa velha e enorme TV em preto e branco, em cima de um paninho que havia sido bordado pela minha mãe. Eu adorava ver aquele elefante de argila em cima da TV... por muito tempo eu ligava a televisão mas assistia o elefante de barro... kkk... A noite o André passou em casa:
- Vou fazer um bailinho na sexta a noite ! Você vem ?
- Você vai convidar a Artemis ?
- Claro que sim ! Leve seus discos, tá ?
- Tá bem !!!
Naquela semana, durante todas as noites, nós brincamos muito de "Gim"(lê-se djim, como na palavra adjetivo). Prá quem não sabe é assim: divide-se a patota em dois grupos. Cada grupo fica encarregado de proteger um poste escolhido, que nós chamávamos de "Gim". Enquanto estávamos com uma das mãos no Gim, ficávamos protegidos mas quando nos afastávamos do poste,
poderíamos ser capturados pelo grupo rival e "presos" no Gim do inimigo. Sempre quem deixava o Gim por último é que tinha o poder de capturar quem tinha saído antes. Aqueles que estavam capturados no Gim do inimigo poderiam dar as mãos para ficar mais fácil o resgate pelos amigos que não haviam sido pegos. Ganhava o grupo que capturava todos outros. (...)
O tempo passou rápido e logo chegou o dia do bailinho. Na sala da casa do André, no começo da noite, se encontrava um grupo de umas doze ou treze crianças; meninos e meninas. O meu disco de "Hit Parade" fazia o maior sucesso ! Só rolava música romântica e as meninas estavam adorando. Quando estava tocando "Nikka Costa", eu pedi prá dançar com a Artemis. Ela era alta, cabelos compridos e da cor de mel e era, também, descendente de gregos. Nós começamos a dançar juntinhos e eu já podia sentir o perfume que evolava de seus lindos cabelos. Eu estava no céu, até que senti que alguém me cutucou o ombro: era o André... e me entregou a vassoura ! Eu fiquei irritado mas disfarcei, já que nosso bailinho era o "bailinho da vassoura"... kkk...
Quando acabou a musica, a mãe do André acendeu a luz e nos ofereceu refresco gelado. Era o sinal que estava tarde e que a festa havia acabado. No sábado combinamos de ir pegar peixinhos em um pequeno riacho que existia atras de onde hoje é o
"Abomoras", mais para o lado da Av. Eng. Miguel Gemma. Fomos com nossas latas, frascos e peneiras de bambú. O riacho era raso e a água cristalina. Na minha peneira vinha de tudo, desde pequenos e coloridíssimos "lebistes" até minúsculos camarões de água doce. Eu gostava muito quando na minha peneira apareciam uns peixes que pareciam umas cobrinhas pois eram incomuns e disputados. A princípio eu colocava os peixes em frascos de maionese mas, um dia, meu pai me comprou um pequeno aquário onde coloquei os peixes e os camarões. As pedras e as plantinhas eu pegava no próprio riacho.
Assim eram as nossas brincadeiras e nossos brinquedos...
" - A gente só conhece bem as coisas que cativou (disse a raposa). Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm amigos. - Se tu queres um amigo, cativa-me."
“Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém notar, não fique triste. O Sol toda manhã faz um lindo espetáculo e, no entanto, a maioria da platéia ainda dorme...”
“Pólos que se atraem Promessas que se cumprem Sucessão de afinidades Harmonia nas diversidades Caminhos que convergem Pigmentos que combinam Órbitas que se cruzam Amizades emergentes Signos compatíveis Ascendentes presumíveis Sons que se casam Magnetismo entre seres Fragrâncias e cores Amizades e amores Tudo é regido Pela lei das afinidades Desde a atração dos átomos Até a translação dos orbes”.
Inocência
"Pego em sua mão e sinto calidez... delicadeza, levo-a aos meus lábios. Sou o príncipe e você é a princesa, estou curvado diante de você. Já não somos mais tão puros, você não é e eu não sou... ...mas podemos ser ! Eu SOU e você É... ...somos crianças novamente...
Seu beijo tem gosto de algodão-doce e meu olhar tem o brilho de bolinha-de-gude. Somos puros novamente como a flor de branco imaculado que nasceu dos detritos do charco.
Então... corramos atrás do tempo perdido... das desilusões... das decepções... e de tudo que é simples e nós tornamos complicado...
Vamos sorrir e ser felizes, abraçar a vida com todas as forças, elevar os braços aos céus e agradecer por todas as dádivas e, também, pelo nosso renascimento... ...pela nossa nova e aprimorada... inocência !"
“Subi aos mais altos picos para lhe trazer o mais perfeito cristal de neve mas ele derreteu e se desfez.
Busquei os mais lindos versos na maior das maiores bibliotecas mas um incêndio consumiu tudo e todos vocábulos viraram cinzas.
Quis te presentear com o vestido da mais linda seda confeccionado com tecido imaculado mas as traças e o tempo tudo destruíram.
Forjei com o mais puro ouro um anel incrustado de brilhantes e coloquei numa caixinha aveludada para te entregar e ver o brilho nos seus olhos... mas veio a cobiça e o aniquilou.
Então hoje quero lhe oferecer algo que o calor não derrete, que o fogo não consome, que as traças não roem e que a cobiça não devasta:
Um abraço fraterno e uma jura de Amizade Eterna !
Isso, com certeza, nenhuma força no mundo jamais destruirá !!!”
"Do meu acervo de sorrisos separei o melhor dentre todos prá te oferecer.
De todas minhas recordações, próximas ou distantes, selecionei as mais lindas e encantadoras só prá ver seus olhos brilharem pela satisfação de me ouvir.
Das estrelas incógnitas e remotas, que iluminam a abóbada celeste, escolhi a de brilho mais fascinante e a batizei com seu belo nome...
...e esse buquê que lhe ofereço, com flores e cores desconhecidas, é prova palpável e material do sentimento que possuo de sempre querer te oferecer tudo que há de melhor em mim pois você é merecedora de amor e amizade...