domingo, 30 de janeiro de 2011

Ilusões


"Eis um teste para saber
se você terminou sua missão na Terra:
se você está vivo, não terminou."

"Aquí está una prueba
de que haya completado su misión en tierra:
Si estas vivo, no terminó."

"Here´s a test to know
if your mission on Earth is finished:
If you are alive, it doesn´t."

"Jen testo por ke vi sciu
ĉu vi finis vian mision sur Tero:
se vi ankoraŭ­ vivas, vi ne finis."

=)


Texto - Richard Bach (do livro "Ilusões")
Imagem - John Willian Waterhouse

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

André Luiz e Debret

"One existence - one act.
One body - one vest.
One century - one day.
One service - one experience.
One triumph - one aquisition.
One death - a renewal breath."

"Uma existência - um ato.
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia.
Um serviço - uma experiência.
Um triunfo - uma aquisição.
Uma morte - um sopro renovador."

"Unu ekzisto - unu ago.
Unu korpo - unu vestaĵo.
Unu jarcento - unu tago.
Unu servo - unu sperto.
Unu venko - unu akiro.
Unu morto - unu renoviganta spiro."

"Una existencia - un solo acto.
Un cuerpo - una tunica.
Un siglo - un día.
Un servicio - una experiencia.
Un triunfo - una adquisición.
Una muerte - un soplo de renovación."

André Luiz

=)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Divinizando o Homem

Eles só se conheciam pela internet. Trocaram muitas mensagens e fotos mas ainda não haviam se encontrado pessoalmente. Ele chegou primeiro na pizzaria que combinaram se encontrar. Ela veio logo em seguida. O coração dele saiu do compasso. Beijo no rosto. Como vai ? Vamos sentar ? E logo estavam olhando o cardápio em um canto aconchegante do restaurante. Ele a observou. Cabelos e olhos negros... traços orientais e vestido discreto e elegante. Pulseiras douradas e uma fina correntinha no delicado pescoço. Leve perfume de pétalas...

- Você trouxe as perguntas ? - Ela disse

- Ah, trouxe sim !

Numa das conversas pela internet, ele disse que queria saber mais sobre ela. Ela fez uma proposta que ele achou bem estranha...

- Então vamos nos encontrar... até lá, escolha três perguntas prá me fazer e eu escolherei três prá você. Pense bem no que vai me perguntar, viu ?

O garçom chegou e ele pediu um chopp. Ela pediu um suco de laranja sem açúcar. Pediram uma pizza com dois sabores. Ela perguntou:

- Que tal começarmos com as perguntas enquanto a pizza não vem ?

- Está bem... essa é minha primeira pergunta:

- Não, não... deixa eu começar... kkk...

- Está ok !

- Preparado !

- Totalmente !

Parece que ela apreciava aquela "brincadeira" pois um brilho de divertimento estava refletido em seus olhos.

- Fale sobre hábitos pessoais que são importantes a você.

- Hábitos pessoais ? Acho importante interagir com as pessoas... acho muito estranho quando as pessoas não se olham e não conversam... é sempre bom conhecer novas pessoas e saber de seus sucessos e seus dramas. Não sou do tipo que coloca fones de ouvido e fica isolado da multidão. Gosto sempre de estar alerta para as belezas da vida e, também, alerta para ajudar alguém. Acho importante levantar de manhã já com pensamentos positivos para esse dia que está para começar... é importante ajudar um cego a entrar no trem... ajudar uma criança a fazer um origami em uma entediante sala de espera... é importante respeitar os animais... o amor, o carinho, a amizade, a higiene, o respeito, a prece antes de dormir, o "bom dia", o "obrigado"... tudo isso é importante e faz parte dos meus hábitos diários...

Foi difícil prá ela esconder a emoção pois o que ele lhe respondeu ia de encontro com com tudo que ela acreditava. Então ele pediu licença prá fazer sua primeira pergunta:

- Além do amor, que outro aspecto leva um casal a manter uma relação saudável por muitos anos ?

- O amor deve vir acompanhado de: amizade, companheirismo, entrega e desejo sexual pelo parceiro, sinceridade e honestidade sem jogos... similaridade de ideais e gostos pessoais de entretenimento para que possam traçar metas e aproveitar passeios em conjunto, mesmo que tenham outras metas ou gostos individuais... e que possam ter seus momentos a sós, sem que isso abale o equilíbrio do relacionamento. A entrega, a aceitação e compreensão são essenciais, além do que muito humor para lidar com as situações que surgirem. Não existe relacionamento perfeito... existe sim a adaptação de nossa vida a esse relacionamento. Se valer a pena, por que não ? Bom, acredito que essa seja uma forma madura de encarar o amor. Drummond fez um poema que retratava o amor, que diz mais ou menos assim: "O amor é um privilégio de maduros, é isso o amor, o ganho não previsto. O amor é o que se aprende no limite, depois de se arquivar toda ciência herdada, ouvida. Amor, começa, tarde."

Ele não sabia como disfarçar toda admiração pelas palavras que representaram a resposta dela... nesse instante as bebidas chegaram, trazidas pelo mesmo garçom. Um silêncio agradável entre eles antes da próxima pergunta. Ela lhe disse, de maneira imperativa e alegre:

- Agora é minha vez !

Ele tomou mais um gole de sua bebida e disse:

- Pode fazer a segunda pergunta... já estou pronto !

- Como você age quando está com raiva ?

Ele hesitou um pouco prá responder pois ficou tentanto imaginar o motivo pelo qual ela fez essa pergunta. Talvez fosse por alguma experiência desagradável com alguém... por isso ele foi cauteloso e sincero na resposta.

- Bom, eu sou uma pessoa muito pacata. Já tentei sentir raiva e brigar mas essa postura vai contra a minha natureza. Na verdade eu nem lembro qual a sensação de odiar pois é um sentimento que não possuo. Tenho meus defeitos que procuro minimizar dia a dia mas a ira é um pecado capital que julgo superado. Resumindo: Não sei odiar.

- Quer dizer então que você não sabe odiar ?

- Exatamente !

- Vou fingir que acreditei... kkk...

- Tudo bem ! kkk... Posso fazer minha pergunta ?

- Pode sim !

- O que você aprendeu com os relacionamentos anteriores ?

- A atração (paixão ou qualquer termo similar) pode criar ilusões e fantasias sobre essa pessoa e isso eu aprendi que é o mais importante: ver a pessoa como ela é, sem máscaras... é um exercício que procuro fazer, ver a realidade. Não sou mais tão jovem para escolher paixões que são passageiras. Quero construir um futuro ao lado de uma pessoa, e para isso, levarei em conta o quanto sinto de emoção por essa pessoa, mas sem deixar de levar em conta o caráter, qualidades e defeitos dessa pessoa. As pessoas podem mudar ? Sim, podem, mas cada um a seu tempo e sinto que ninguém tem que mudar ninguém. É necessário aceitar a pessoa como ela é. O que posso fazer é avaliar comigo mesma se as qualidades e defeitos dessa pessoa formam um peso muito grande que eu não possa lidar. Não sei se consegui me explicar... mas, resumindo: colocar na balança as características pessoais dessa pessoa deve ter tanto peso quanto a atração que eu sentir por ela.

Nesse instante chegou a pizza e o garçom os serviu. Eles conversaram um pouco mais sobre a última resposta dela, que ele não havia entendido bem. Quando se deu por satisfeito, ela fez a sua terceira pergunta:

- O que você poderia começar a fazer hoje que mais aumentaria a qualidade de sua vida ?

- Julgo que já tenho uma ótima qualidade de vida. Moro num bairro bem agradável, onde encontro tudo que necessito. Minha família é muito boa. Tenho uma saúde impecável e um ótimo emprego. Acho que a única coisa que falta, que poderia aumentar a qualidade da minha vida seria uma companheira, uma namorada... kkk...

Ela achou divertido a franqueza dessa resposta, que era curta e objetiva... então ele se preparou prá fazer sua última pergunta:

- Olhando para o passado, existe algum evento em sua vida que você gostaria de ter agido de forma diferente ?

Por um instante ela ficou em silêncio e seu rosto perdeu a cor... ele ficou perplexo diante disso. Antes que ele pudesse tomar alguma ação ou ao menos tentar entender o que estava acontecendo, ela já estava chorando baixinho... Ele pediu um copo com água e uma caixinha de lenços descartáveis para o garçom. Quando ela retomou parte do equilíbrio emocional, contou que seu pai, hoje já falecido em um acidente de trânsito, era extremamente cruel com ela e sua mãe. Quando ela tinha oito anos, encontrou no terreno ao lado de sua casa um pequenino filhote de gato que acabara de nascer e que fora abandonado pela mãe. Quando seu pai soube, a chamou no quintal e pediu que ela enchesse um balde com água. Então seu pai ordenou que ela não fechasse os olhos e observasse tudo, para aprender a lição. Seu pai então pegou o felino e o submergiu na água do balde. Ela o viu agonizando entre as lágrimas que saiam de seus olhos, que ela queria fechar mas não fechou, pelo terror que ela sentia de seu pai. O gatinho se afogou e seu pai jogou seu corpo inerte em uma lata de lixo e disse:

- Nunca mais traga animais aqui, você entendeu ???

Depois que ela contou esse fato, ele ficou morrendo de remorso por ter feito aquela pergunta mas... como prever esse desfeixo ? Decidiram ir embora. Depois de pagarem a conta, já em frente do restaurante, ela segurou em seu braço e lhe disse:

- Obrigado !

- Obrigado pelo quê ?

- Eu nunca havia contado isso prá ninguém... carregava esse acontecimento comigo como um fardo. Já estou me sentindo bem melhor !

- Você lembrou disso por causa da pergunta que eu te fiz ?

- Sim... eu sempre ficava me culpando por não ter agido de outra forma, talvez escondendo o gato ou outra coisa... Mas não se culpe pois a idéia das perguntas foi toda minha... kkk...

Ele a levou em uma praça próxima e lhe entregou uma folha, que continha as seguintes palavras:

"Deus não é feliz.
Deus é "a felicidade !"

Mas...

Mesmo assim...

Num momento especial...
Num instante de inspiração...
Num segundo de infinita alegria...
...Ele criou você !

Com os mesmos pincéis e cores
que criou as orquídeas
Ele coloriu e modelou
seu lindo rosto.

Com a mesma técnica
que concebeu e desenvolveu
a mais pura e linda seda
Ele fez seus belíssimos cabelos
em cascatas brilhantes e perfumadas,
a desaguarem nos seus ombros.

Deus te criou...
...e agradeço a Ele por isso."

Impossível descrever as emoções que explodiram no peito dela. Ela leu com os olhos úmidos o texto.

- Você escreveu prá mim ?

- Sim !

- "Divinizar o homem..."

- O quê ?

- Ah, desculpe... Esse poema me lembrou um poema que eu e minhas amigas recitamos em um jogral, na semana de poesia da escola, há muito tempo. Não lembro o nome do autor. Eu recitei tanto ele que até o decorei. Quer ouvir ?

- Sem dúvida !

"A geometria das flores.
A aerodinâmica das aves.
A lógica das bactérias.
A matemática das galáxias.
A física do cristal de neve.

Que parâmetros devemos usar
para definir o indefinível ?

Que referências usaremos
para explicar o Eterno,
o Infindável ?

Como entender
a inteligência e bondade
acima de qualquer escala humana ?

Humanizar Deus não é o caminho...
Divinizar o homem é o roteiro certo..."

Ele acompanhou com muito amor toda seqüencia de palavras que saiu de sua boca... também estava bem emocionado. Nesse instante começou a chover... ela pegou uma sombrinha que estava em sua bolsa e pediu prá que ele abrisse e disse, também, que já estava tarde. Sua mãe já deveria estar preocupada. Pediu para que ele a levasse no ponto de ônibus. Eles se abraçaram e foram caminhando e trocando confidências... Daí prá diante, não há mais necessidade de narrativa pois todos já devem saber o que aconteceu depois...

=)


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