quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sonho em Cinco Cenas

SONHO (cena 1) - "Eu tomava conta de seis ou sete jovens gueixas, em um grande quarto mobiliado ricamente com móveis, cortinas e quadros orientais. Lembro-me que todas elas usavam lindíssimos vestidos e clareavam o rosto com maquiagens antigas. Elas tinham muito medo de mim pois eu era uma espécie de "gigolô". No sonho eu era muito duro e exigente com elas, sempre observando se tudo estava limpo e organizado antes do início da chegada dos fregueses. Um chinês, que era o meu superior, me chama na entrada desse lindo salão e me aconselha em voz baixa a nunca me envolver nos problemas pessoais delas. (cena 2) - O sonho "dá um salto" e eu me vejo em uma cena que estou no mesmo salão, conversando com todas elas, que estão em semicirculo a minha frente. Elas falam de suas vidas e seu choro borra um pouco suas maquiagens. Cada uma tem uma estória triste... de como foram arrancadas de suas famílias, noivos, namorados e filhos. Sinto que meu coração de pedra começa a amolecer. (cena 3) - O chefe do meu chefe vem nos visitar. Ele não é oriental, tem aspecto europeu. Ele usa um terno esportivo e tem a barba branca e feições de "papai noel" mas possui um olhar de gelar o sangue. Lembro-me que eu e o chinês que era meu superior morríamos de medo desse senhor e procurávamos fazer os negócios irem bem para não termos o que temer. (cena 4) - É madrugada e, naquele mesmo salão, eu sussurro algo prá elas enquanto um suor gelado escorre pelas laterais do meu rosto. Recordo ter dito: Quando eu abrir o portão é cada um por si ! (cena 5) - Eu estou correndo e correndo... as pernas não obedecem, o peito dói e sinto pontadas logo em baixo das costelas. Junto a mim ficaram duas das moças, que correm, desfiguradas, uma de cada lado. Estamos correndo de mãos dadas através do véu da noite. Vozes de homens e latidos ao longe. Nós três nos olhamos e percebemos o terror em cada um de nossos rostos. Entramos em um depósito de feno e nos escondemos por trás do monte maior... abraçados e tremento... nesse instante acordo."

Tive esse sonho três vezes, exatamente como contei.

imagens: Kitagawa Utamaro (1754 - 1806)
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